terça-feira, 15 de novembro de 2011

Devaneios de Melancolia


Sabe que eu queria ouvir tudo que se passa pelo seu olhar naquele momento? E queria ter certeza que é tudo verdade; daquelas verdades que não acabam...E eu acho que é por isso que você não fala, porque no fundo você tem medo também.
Então eu abro o guarda chuva, mesmo fazendo sol, e sorrio para o tempo, pedindo clemência.

Ele me olha, gentilmente irônico, e me fala que flores secas jamais renascem...é necessário plantar um novo jardim.

Então pego adubo e girassóis, dançando sobre o frescor do presente. E canto baixinho uma canção antiga que ainda faz o peito palpitar feito passarinho aprendendo a voar. O vento vem beijar-me -atrevido!- e torno a gargalhar com o suspirar das pétalas.

Agora tempo, olho baixinho como quem quer pedir muito, não mande tempestades sobre o jardim que já floresce...E cruzo as mãos, como por medo ou timidez; -não afogue brotos, não sufoque a glória do nascer!!

E ele, com ar sério, diz que flores secas jamais renascem...

Então reluto, ainda chorosa, -e quem as secaria se não tu??
e ele diz, olhando como quem fala para quem muito pouco conhece: não há quem sufoque, com secas ou dilúvios, mais do que tua própria alma...Eu sou senhor do feito e do não feito. Consequência do concreto. Zela do teu jardim...e eu te digo: não será tarefa fácil. E quando o concreto não possuir mais abstrato eu exalarei o perfume da renovação.

E então eu ri, com esperança calada. Depois guardei o riso para desfrutar com meu jardim a minha prosa com o tempo.



































ps: sabe que eu sempre sonhei ter um jardim secreto?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Bilhete de fim


E se a vida te parecer cíclica
Em redemoinhos de erros mesmos
Canta baixinho essa esperança pouca
E prende no peito esse choro vão...
Guarda-o para quando chegares ao teu leito.
E quando chegares, derrama-te lentamente
Pensando que o futuro te cerca
Sobre prantos outros, prantos mesmos.
E que o tempo corre. Corre. Corre. Corre. Corre.
E eu te direi: levanta teus olhos.
E tu sorrirás pouquinho.
E eu te indagarei: Sentes o hoje?
E tu dirás: Sinto. E sinto o medo de amanhã.
E eu sorrirei pouquinho.
Fecha as janelas,
Pões, com pesar, tua mão sobre o peito,
E espera o fim.

"Cogito, ergo sum"