domingo, 18 de agosto de 2013

Areia nos bolsos




"Se puderes olhar, vê.
Se puderes ver,
Repara."
(José Saramago)



Quando uma certa luz ensolarada, calorosa, macia e leve invade aquele ser enrijecido pelo cinza do asfalto....Ah....
(...)


E ainda resta a areia nos bolsos!!!



      Acordar com o frio do vento uivando, parecendo canção que flui o dia inteiro pra dentro da gente. Andar com o sol caminhando de lentinho, que é para o tempo parecer não passar, escorregando devagar por essa vida leve de quem sente o bronze queimando a pele. Sabe como é voar?? Voar pela areia da praia, nas duas rodas de uma bicicleta (e tombar no céu, desvairada!)!! Nadar só pra ver o sorriso do mar quando marca a gente com aquele sal, que depois ninguém sabe mais se é pele ou se é mar. Emaranhar os cabelos no anoitecer silencioso...como lençóis negros se estirando aos nossos olhos... Dançar ao leve sabor dos coqueiros... Tão lento...Como se, por aquele instante, todo o mundo girasse tão terno quanto aquele movimento. Ouvir o escuro se desmanchando em pequenas gotas de luz (1...2...3...4...Milhares!!!) e desdobrar-se em motivos para aquele espanto de felicidade... Tão pleno quanto fugaz...Parece até uma música leve ecoando baixinho dentro do peito, com uma saudade de quem se é...

-já sente o gostinho do mar?...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Cotidiano- máscara de sonhos desfalecidos

 
   Sempre tentei achar qualquer tipo de motivação nos dias que me passam...Uma flor a beira do caminho, a chuva que me é tão amada, um rastro de compaixão...Qualquer leveza que nos absorva desse aspecto comum do passar das horas...A existência como algum pleno do simples.
   E por mais que alguns dias sejam repletos de sensibilidades errantes, assim como um caminho de humor ou  algum tipo de alienação egoísta; eu sinto as engrenagens enferrujadas permeando os meus dias...As horas...seguidoras mudas do previsível: cotidiano.
   Encher-se de metas ou desafios simultâneos, esquivar-se em si mesmo e nas próprias justificativas vazias da infelicidade. Não sei ao certo o que procurar nesses escombros do hoje...E não há anestesia para a realidade.
  Somos como fantoches das nossas próprias ilusões de sentido! Somos vazios. Reflexões incompletas de um abismo existencial...Alienados sobre a própria alienação. Almas que vagam em desencontros afetivos preenchedores de um torpor qualquer, de uma necessidade de vida!
  Ando tão sedenta de algo que me faça buscar incessantemente um cerne repleto de significado...Algo que me mova verdadeiramente a mais do que a busca de um tipo de subjetividade...Algo tão sublime como a necessidade de voar! De entregar-se a uma cachoeira perdida no tempo, de águas calmas e azuladas...
  Mas tudo não passam de perguntas...novas e novas formas de suportar o fardo do trivial...Daquilo que corrompe lentamente, do que consome pilares até a decomposição...Desse ciclo pueril  que encobre a beleza já não suficiente...

"Meu amor, meu amor, irmos cara o maior; Miña amada, meu ben, imos polas terras do alén..."


"Cogito, ergo sum"