sexta-feira, 24 de junho de 2011

Volte (in)sanidade...nem que por uma hora!



"I close my eyes
Only for a moment
And the moment's gone
(...)
Now, don't hang on
Nothing lasts forever 
But the earth and sky
It slips away
And all your money
Won't another minute buy
Dust in the wind
All we are is dust in the wind"
Dust In the Wind - Kansas

  E hoje eu sei. Sei que a vida é bonita demais pra se jogar assim. Sei que tudo que eu tenho e tudo que eu sou é maior que qualquer amor perdido. E que, pelo menos por essa hora, eu possa sorrir adoidada assim como nos velhos tempos. Que os novos tempos sejam tão doces e leves como o nosso fúnebre amor. Que tu morras, morras e morras, todos os dias e todos os dias, até que eu não precise mais lembrar que você precisa morrer.
  Que eu seja entregue as minhas impulsividades, aos meus caprichos românticos, as minhas manias agressivas, ao vento que sopra essa vida que corre e corre louca, assim como eu. Que eu ria, ria, ria, escandalosamente, escancarando essa dor vazia pela completude da felicidade.
   Porque o mar ainda corre, lento e agressivo, pelas minhas veias tristes. Porque a vida sempre foi bela, e continua sendo, só que agora de uma maneira diferente. Sem você. E assim será pelo resto dos meus dias, porque essa essência lilás que me torneia, não vibrará diferente por um luto qualquer. Morras, morras, morras!!! Desejo ardentemente que eu viva, e viva todos os dias como um pássaro livre, tolo, e cheio desse espírito infantil!! Tão infantil como todos os sorrisos que ainda me aguardam, como todas as vidas que ainda me esperam, como tudo que me promete o futuro, que me possui, assim como cada lágrima que escorre agora.
   Desejo meus cabelos ao vento, minha vida sutil, e doce, doce, doce!!! Vás, vás!! Deixe-me feliz, deixe-me comigo, não sozinha, porque sozinha eu nunca estarei. Desejo que cada pedaço do meu corpo esteja entregue a esse vento veloz, tão veloz que não permite que o hoje seja desperdiçado com tormentos passageiros. Quero estar feliz, de novo feliz.
   E que a minha alma seja preenchida por uma lua alaranjada, com gosto de chocolate com os amigos. Porque agora, eu sei. Sei que você não é quem eu quero. Nem sei quem é você. Mas sei quem eu sou, e isso me importa. ME BASTA!!!
   Convence-me agora!!! Convence-me que me basto, que sou feliz, que preciso ser feliz de novo!! Eu MEREÇO! Livra-me dessas algemas, VÁ EMBORA, VÁ!! Não te quero mais em minha casa, não te quero mais na minha vida! Morra, infeliz!! Não sabe o que é felicidade, talvez nunca saberá...
   E já chega. Chega desse tormento. Chega. Sou mulher, intensa, intensa. E isso me basta.Que venham todos os meus movimentos de volta, que venha minha alegria boba, cheguem meus pulos risonhos!! Entrem, entrem meus caros amigos!! Que tudo que tu me tomaste volte, assim como meus gatos gordos, que me pertencem(meus livros, meus filmes, meus lugares, minha VIDA -devolve-me agora).
   Porque eu não vou mais te permitir nada. Já sofri demais. E agora eu entendo que essa dor vai passar, apesar de inevitável. VAI PASSAR. E que pelo menos por esse minuto de sanidade, eu saiba que sou feliz. E sem você.

-"Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade" Renato Russo
  

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Aqui jaz tu....Até a próxima hora.

   

Meu Imortal

(tradução My Immortal - Evanescence)

Estou tão cansada de estar aqui
Reprimida por todos meus medos infantis
E se você tiver que ir, eu desejo que vá logo
Porque sua presença ainda permanece aqui, e isso não vai me deixar em paz


Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar


Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E segurei sua mão por todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim


Você costumava me cativar com sua luz ressonante
Agora sou limitada pela vida que você deixou pra trás
Seu rosto assombra todos os meus sonhos que já foram agradáveis
Sua voz expulsou toda a sanidade que havia em mim

Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Existem muitas coisas que o tempo não pode apagar

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E segurei sua mão todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim.

Eu tentei com todas as forças dizer à mim mesma que você se foi
E embora você ainda esteja comigo
Eu tenho estado sozinha por todo esse tempo

Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
E segurei a sua mão todos estes anos
Mas você ainda tem tudo de mim.



     O calor das horas passa e passa, sufocante. Me acorda? É tudo que eu te peço, diante de tudo que te dei...Acorda-me. Só quero ter a certeza de que tudo isso não passou de um sonho ruim.  Só queria acordar e ter a certeza de que ainda terei sua presença, ainda teria você, ainda seria sua. Nunca soube tanto sobre mim e sobre o outro. Nunca me passou que eu te amava como jamais havia o feito. Meu anjo... Eu trocaria um dia da minha vida só pra ter seu rosto junto ao meu novamente. Só pra sentir seus lábios, nem que pela última vez. Eu viveria mais um dia só pra sentir os seus defeitos comigo de novo. Porque nunca houveram idealizações sobre você, meu amor. O seu torto sempre me encantou. Assim como estrelas pálidas, um tanto quanto cinza-azuladas, que eu só via nos seus olhos. Eu te amo. E te amo não por sentir desesperadamente sua falta, mas por assim preferi-lo do que vê-lo sofrer. Eu saberia exatamente aonde te machucar...E não o faço, não por bondade, mas sim por egoísmo. O teu bem é o meu bem. Essa dor qualquer que me consome agora, de nada valeria se não fosse por você. Amar nunca foi questão de merecer...E tudo é tão claro pra mim agora. É quase como sangue jorrando, vermelho, intenso e mórbido aos meus olhos molhados.
    Lembro-me daquelas horas quentes e singelas, sobre bancos quaisquer, que rondaram nossas tardes. Lembro também das manias tolas, dos sonhos vãos, e do calor do seu hálito. Não sinto por você o muito, o mito. Não me lembro de momentos extraordinários ou imensuráveis. Pois o que eu sinto são as miudezas do seu ser. Um toque na nuca, um abraço de encontro, um beijo despropositado, seu andar desajeitado, como quem tem pressa de viver, a voz desafinada, o rosto...tão angelical.


"Tem uma felicidade mansa por dentro, devagarinho. A casa bonita. Os dias bonitos. A roseira bonita. (...) Guardo meu amor por dentro. É precioso."

(Caio Fernando Abreu)


    As vezes penso que se não te conhecesse tão bem seria mais fácil. Se não soubesse do teu egoísmo e da tua frieza. Se não ouvisse suas reclamações diárias. Se não sentisse a necessidade de saber como você está, se ainda é feliz (ou se era feliz). Te pergunto, todos os dias: Por que? Canso e canso de repetir e repetir, POR QUE? Racionalmente te explico, me explico, rastejo-me aos pés da minha mente cansada em busca de um consolo qualquer. Mas não me basta... Não me basta porque tudo sempre foi tão nosso. E por cada lugar que eu ando, só vejo e sinto nossos espíritos banhando as lembranças, impregnadas na minha alma. Como posso te esquecer assim? Não posso, meu amor. Não há como ignorar essa dor que lateja todos os dias, todas as horas. Dói assim como respiro.
     E me custa entender a minha fraqueza...Mas a tristeza já me consome demais. Não tenho porque entender nada. Só me resta sentir essa dor e esperar, meses, anos, ou a eternidade, até que ela se consuma e consuma, nos restos dos restos e restos. A dor que seca meus olhos, há de secar também meu coração. E nada disso me consola. Porque de que me vale, se não tenho mais você? Tenho medo de não sentir os detalhes de novo. Tenho medo de só amar uma única vez, assim, nessas linhas errantes e tristes da vida. E me surpreendem essas nuances pendulares do mundo e das coisas, aonde se tem tudo em um momento, e no outro não resta mais nada. Você não era tudo, meu amor. Mas era demais, tanto mais quanto eu nunca imaginei ou soube. Agora eu entendo todos os saberes populares, que dizem sobre perda, amor ou qualquer coisa assim.
     Mas nada que eu diga vai amenizar, aliviar, encobrir ou mascarar o que eu sinto. Só suporto. Espero o tal do tempo passar. E ainda escreverei, todos os dias e nas próximas horas, sobre o quem tu fostes e em que me tornastes. E assim são os meus dias desde de que você se foi, frio e indolente, partiu como quem não tem nada a deixar. Eu olhei para trás...Só peço a Deus que me levante desse pesadelo. Só peço a Deus para não me perder nesse escombro que se tornou meu coração. Só peço a Deus que te mate logo de  uma vez dentro de mim, para que a tua morte dê lugar a uma nova vida. Recomeçarei, um dia, quem sabe novamente, aqui.
     Aqui jaz tu, Vida.

"Nossa História, não estará pelo avesso assim sem final feliz...
Teremos coisas bonitas pra contar...
E até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás, apenas começamos..."
(Legião Urbana - Metal contra as nuvens)

"De longe te hei de amar- da tranquila distância em que o amor é saudade e o desejo, constância"  (Cecília Meireles)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Conjunções



  Ela tinha medo da noite. Agora tinha, mas antes não. Tinha medo da escuridão que brotava de si mesma, pálida e arroxeada. Tinha medo do vazio que a preenchia, diariamente, pelos achados vividos, ou não, que se passaram pela existência, vaga, quase vã. Tinha medo também dessa solidão qualquer que se perfazia mórbida, persistente e clara sobre seus olhos castanhos. Tinha medo de viver a noite na noite.
  Ela tinha medo do que aconteceria, tinha medo do que acontecera, tinha medo do que acontecia. Ela sentia seus pés tocando o chão, esvaindo-se, com todo o seu corpo a cair em uma abismo, negro, que lhe agradava de tão claro quanto parecia.
  Ela tinha medo do ciclo de tudo e de todos. A ela parecia que o começo se reiniciava no fim, sempre da mesma forma, repetindo-se como notas perdidas em uma vitrola quebrada. Tinha medo e não lhe bastava isso, mas só isso a pertencia.
  O que faria? Sentiria medo. Medo de só ter medo, medo de ter mais medos. Medo do próprio medo. E diante do pó que abismava sua mente, perfez leves caminhos de glória, e descobriu: ainda tinha a si mesma.
  E a noite? A noite abriria seu lunar, que aos poucos abrigaria todos os medos, como uma mãe a espera da criança sedenta de alimento. Medo tinha a noite de perder-se sem ela. Mas ela, agora, não tinha mais a noite. A noite era ela.
( E mesmo com medo de si mesma, ela não queria ser só..)

"Cogito, ergo sum"